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60% dos beneficiários do Passe Bolsa tem inconsistências cadastrais

Uma auditoria interna realizada pela Prefeitura de Indaiatuba identificou que 440 dos 718 beneficiários analisados do Programa Passe Bolsa apresentavam algum tipo de inconsistência, o que representa mais de 60% do total revisado. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (24) após um pente-fino realizado entre 13 e 17 de novembro.

Do total geral:

  • 278 beneficiários estavam regulares
  • 364 apresentaram pendências documentais e foram convocados para atualização
  • 76 foram excluídos do programa por não atender aos critérios legais

Segundo a administração, os excluídos serão notificados para devolver os valores recebidos, mas não foi informado se haverá ações judiciais individuais para cobrança ou responsabilização.


Resumo dos números

  • Beneficiários analisados: 718
  • Regulares: 278
  • Com pendências: 364
  • Excluídos: 76
  • Total com algum tipo de problema (pendência + exclusão): 440

Tabela

Situação dos beneficiáriosQuantidade
Total analisados718
Beneficiários regulares278
Pendências documentais364
Excluídos76
Total com problemas440

Reportagem nacional trouxe o caso à tona

As irregularidades vieram à tona após uma reportagem exibida pelo programa Fantástico, da TV Globo, que mostrou casos de beneficiários que não preencheriam os requisitos de vulnerabilidade socioeconômica previstos pela Lei Municipal nº 4.835/2005.

A exibição repercutiu em veículos nacionais e regionais e ampliou o impacto político do caso dentro de Indaiatuba. A partir da divulgação, o programa passou a ser acompanhado por órgãos estaduais de controle.

A repercussão também motivou manifestações de autoridades públicas e aumentou a pressão por apurações mais detalhadas sobre o programa.


Impasse sobre CPI na Câmara

Desde o início das discussões, a Câmara Municipal enfrenta um impasse sobre a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Passe Bolsa. Para sua instauração são necessárias quatro assinaturas, mas apenas dois vereadores se manifestaram a favor, enquanto a maioria declarou posição contrária.

Duas semanas antes, um requerimento de informações havia sido apresentado no plenário, mas teve pedido de vistas aprovado pela base governista, adiando o encaminhamento do debate.

A divergência tem dominado as últimas duas sessões, com parlamentares defendendo posições diferentes sobre a necessidade de aprofundar a investigação legislativa.


Auditoria interna da Prefeitura

Paralelamente ao debate político, a Prefeitura informou que realizou uma auditoria completa nos cadastros do Passe Bolsa, resultando nos números divulgados nesta segunda-feira. O relatório final foi encaminhado à Secretaria Municipal dos Negócios Jurídicos, que deverá acompanhar a eventual devolução de valores e monitorar prazos de regularização.

Entre as inconsistências apontadas estão ausência de documentos obrigatórios, renda acima do limite legal e certidões vencidas. A administração adiantou ainda que pretende alterar regras e criar um novo modelo de programa com mais mecanismos de controle e possibilidade de denúncias online. A Secretária foi afastada.


Tribunal de Contas deu prazo de cinco dias

O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE) também passou a acompanhar o caso e determinou, em decisão datada de 17 de novembro, que a Prefeitura apresente em até cinco dias informações detalhadas sobre o Passe Bolsa, como:

  • dotação prevista no orçamento de 2025,
  • regulamentação em vigor,
  • métodos de fiscalização e periodicidade,
  • registros de visitas domiciliares,
  • dados por mês e tipo de curso,
  • valores pagos ao longo do ano,
  • medidas adotadas após as denúncias,
  • e ações para garantir ressarcimento ao erário.

A determinação faz parte da análise das contas municipais de 2025 e cita também a investigação já instaurada pelo Ministério Público Estadual.

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