90% dos funcionários da educação de Indaiatuba já presenciaram violência
Quase 90% dos funcionários públicos da Educação de Indaiatuba afirmaram que já presenciaram casos de violência física entre alunos nos últimos cinco anos. É o que aponta um levantamento feito pelos próprios professores e que traz um retrato sobre as condições de trabalho para os servidores em Indaiatuba que o Jornal de Indaiatuba teve acesso. 78% já sofreu e 87% já presenciou casos de violência verbal ou psicológica nas unidades de ensino da cidade. Um caso recente de agressão contra uma professora ganhou repercussão.
A pesquisa mostra que 53% dos funcionários ouvidos já se sentiu ameaçado por algum responsável pelo aluno nos últimos cinco anos. Metade dos que responderam a pesquisa disseram que nunca sofreram agressão física, e dos que sofreram, 27% disseram ter sofrido entre duas e cinco vezes, 12% disseram que sofreram mais de cinco vezes e 10% uma vez.
O levantamento aponta que 40% consideraram as atitudes da equipe da gestão da escola pouco eficaz e 39% eficaz. Os profissionais disseram, 50% deles, que o ambiente de trabalho nas escolas de Indaiatuba é seguro, mas com problemas, e 32% relataram o ambiente como pouco seguro.
Entre as sugestões para melhorias no ambiente da Educação na cidade estão a integração entre as equipes, e apoio na formação, estrutural na escola e até policiamento por iniciativa da Secretaria de Educação. A Prefeitura, em nota ao Jornal de Itu, se manifestou sobre a pesquisa.
Resposta da Prefeitura
Em nota, a “Secretaria Municipal de Educação reconhece a importância da pesquisa realizada pelo professor sobre a violência nas escolas da Rede Municipal, e esclarece que os dados apresentados, embora relevantes, contou com 108 respostas, o que representa pouco mais de 3% do total de servidores, sendo que 1,5% relataram violência física nos últimos cinco anos, cerca de 0,3% ao ano.”
E prossegue informando que “a Secretaria ressalta que mesmo um único caso de violência é inaceitável e merece atenção imediata. Destaca-se a necessidade de análises mais amplas e complementares para que os dados possam refletir de forma mais fiel a realidade da Rede Municipal.”
“Reforçamos ainda, que a segurança escolar é prioridade e, para isso, diversas ações já foram implementadas, como a ampliação de quase 100% do número de câmeras, instalação de botão de pânico em todas as unidades, porteiro eletrônico em 100% das escolas, grupos diretos de comunicação com a Guarda Municipal e parcerias com a Rede de Apoio Municipal. Além disso, destaca-se a construção coletiva de protocolos internos de segurança em cada escola, garantindo procedimentos claros e integrados para situações de risco.”
“Por fim, a Secretaria reafirma seu compromisso com a segurança, a transparência e o bem-estar de alunos e profissionais, e informa que foi agendada uma reunião com o referido professor para tratar detalhadamente dos pontos levantados na pesquisa e alinhar futuras tratativas sobre o tema.”
Caso ganhou repercussão
Em agosto, uma professora foi agredida por um aluno na escola municipal Maria Cecília Ifanger, na Vila Avaí, em Indaiatuba, e precisou de atendimento médico. A criança de oito anos tem laudo de neurodivergência, com autismo e Transtorno Opositivo Desafiador (TOD).
Segundo apurou o Jornal de Indaiatuba, a professora não atua na escola regularmente, mas estava realizando uma substituição. Não há relatos de outras pessoas feridas. A professora ficou com o rosto machucado no nariz e perto dos olhos, passou por atendimento médico e foi liberada. O caso chegou até a Secretaria da Educação, Prefeitura e está sendo acompanhado pelo sindicato dos professores, a Apeoesp.
Em nota, a Prefeitura informou que “manifesta solidariedade à professora e informa que o todo o suporte necessário está sendo prestado. Reafirma que é terminantemente contrária a qualquer forma de violência física no ambiente escolar. Em todas as situações de violência, são adotadas de imediato as medidas legais cabíveis, conforme previsto na legislação educacional brasileira e no Regimento Escolar”.
E prossegue afirmando que o estudante tem laudo e que ele “é acompanhado de perto com Plano de Desenvolvimento Individual e profissional de apoio escolar. A situação do estudante já se encontrava em fase de análise do Conselho Escolar, instância máxima deliberativa no âmbito da unidade, com aplicação, inclusive, das penalidades cabíveis, previstas no documento, em casos de falta grave por parte de qualquer um dos sujeitos escolares.”
A Secretaria da Educação ainda reforçou “o nosso compromisso com a inclusão de todos os estudantes, sem estigmas, e com a proteção integral de toda a comunidade escolar. Reforçamos o amparo aos profissionais da educação, essenciais na conquista da aprendizagem dos estudantes e na excelência educacional.”