Justiça condena ex-delegado de Indaiatuba a 29 anos de prisão
A Justiça condenou os envolvidos na Operação Chicago, que desmantelou uma organização criminosa ligada ao 1º Distrito Policial de Indaiatuba (SP), segundo o site G1 Campinas. O grupo era formado por policiais civis, guardas municipais, advogados, servidores públicos e empresários, e comandava um esquema de extorsão contra empresários da cidade.
De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), os condenados forjavam investigações e flagrantes para extorquir vítimas. O delegado José Clésio Silva de Oliveira Filho, apontado como líder do grupo, foi condenado a mais de 29 anos de prisão. Além disso, ele e os demais réus perderam seus cargos públicos e terão que indenizar as vítimas em mais de R$ 600 mil, além de pagar R$ 10 milhões por dano moral coletivo ao Fundo do Estado de São Paulo, segundo o Ministério Público (MP-SP).
A sentença, proferida na última sexta-feira (17), também determinou que os bens dos réus sejam utilizados para ressarcir os prejuízos causados às vítimas e à sociedade. Segundo o MP-SP, a decisão destacou que as ações dos condenados abalaram a credibilidade da Polícia Civil. O Ministério Público e as defesas ainda podem recorrer da decisão.
O caso
As investigações do Gaeco mostraram que o grupo invadia comércios sem mandado judicial, apreendia mercadorias e exigia valores entre R$ 1 milhão e R$ 3 milhões para evitar supostas prisões. Dentro do distrito policial, os promotores descobriram uma “sala de extorsão”, onde pessoas eram ameaçadas a responder por crimes que não cometeram caso não pagassem propina.
Os advogados atuavam como intermediários na cobrança e transporte do dinheiro, enquanto servidores comissionados negociavam diretamente com os empresários. Mesmo preso, o delegado tentou interferir nas investigações. Em outubro de 2024, o Gaeco descobriu que ele utilizava um celular dentro do presídio para mandar um comparsa ameaçar vítimas e testemunhas, pedindo que mentissem à Justiça.
Com a descoberta, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) decretou nova prisão preventiva contra o delegado e o cúmplice, preso em Indaiatuba. Durante as buscas, policiais apreenderam uma arma de fogo com o suspeito.
O nome da Operação Chicago faz referência à cidade americana das décadas de 1920 e 1930, quando grupos criminosos controlavam a região por meio da violência e do lucro com atividades ilegais. A primeira fase da operação ocorreu em março de 2024, com a participação de 15 promotores, 10 servidores do Ministério Público, 94 policiais militares e 19 policiais civis. Na ocasião, 13 dos 14 investigados foram presos preventivamente.