Vereadora de Campinas detida por Israel manda carta à família
A vereadora de Campinas Mariana Conti (PSOL), detida por autoridades israelenses durante a missão humanitária rumo à Faixa de Gaza, enviou uma carta manuscrita à família afirmando que está “bem, na medida do possível”. No breve recado, recebido na tarde desta segunda-feira (6), a parlamentar escreveu que “estamos fortes e unidas” e que “logo estarei com vocês”.
A mãe da vereadora de Campinas Mariana Conti (PSOL), Mara Conti Takahashi, que também participou da missão humanitária rumo à Faixa de Gaza e está presa em Israel, pediu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se pronuncie publicamente sobre o episódio e cobre agilidade no processo de deportação dos brasileiros.
“Ativistas de países europeus onde os presidentes se pronunciaram oficialmente já foram deportados e retornaram à Europa. Então, eu peço ao presidente Lula que ele se pronuncie oficialmente”, disse Mara à Folha de S.Paulo.
Mariana enviou uma carta manuscrita à família nesta segunda-feira (6), afirmando estar “bem, na medida do possível” e que “estamos fortes e unidas”. Segundo sua mãe, as informações repassadas pela Embaixada do Brasil em Tel Aviv continuam “muito vagas”, e a família segue há mais de 72 horas sem notícias concretas sobre a deportação, mesmo com todos os trâmites já cumpridos.
O ativista Nicolas Calabrese, que também participou da missão, pediu que o governo brasileiro adote uma postura mais firme para libertar os detidos em Tel Aviv. Ele chegou a Milão no sábado (4) após ser liberado, com o apoio do consulado italiano, já que possui dupla cidadania.
Segundo Calabrese, os integrantes da missão enfrentaram violência durante a detenção. “Passamos mais de 20 horas sem alimentação durante a interceptação e sofremos grande humilhação ao chegar ao porto”, relatou. Ele afirmou ainda que, nos três dias em que ficou preso, não pôde se comunicar com familiares e que os agentes israelenses apontaram armas para o grupo.
O ativista contou que os membros da flotilha foram deixados no chão, sob o sol, e que até a ativista Greta Thunberg foi isolada do grupo. Ele corroborou o relato dos ativistas Hazwani Helmi, da Malásia, e Windfield Beaver, dos Estados Unidos, de que dos 137 integrantes detidos, apenas a sueca teria sido libertada no sábado, após ser forçada a assinar uma confissão.
Itamaraty
Representantes do Ministério das Relações Exteriores (MRE) em Tel Aviv fizeram uma nova visita, nesta segunda-feira (6), aos cidadãos brasileiros integrantes de um grupo de ativistas interceptado pelo governo de Israel, na última semana. Eles faziam parte de uma flotilha internacional detida pela marinha israelense enquanto tentavam levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza.
Segundo fontes diplomáticas, verificou-se que todos estão em boas condições de saúde, sem problemas físicos. Os israelenses chegaram a oferecer aos integrantes da flotilha a possibilidade de assinar um documento para agilizar o processo de deportação. Até a última atualização, apenas cinco dos 13 brasileiros detidos teriam manifestado interesse em recorrer ao método para agilizar o trâmite. Os demais serão submetidos a um processo judicial que pode resultar em deportação posterior.